sábado, 13 de setembro de 2014

Rio eu te amo

Quando o nome de uma cidade está no título do filme, é preciso cuidado pra não cair em duas armadilhas

A primeira delas pode ser evitada com a pergunta; “O filme precisa se passar nessa cidade ou poderia ser em qualquer outra?

A segunda delas é a cidade ser tão importante, mas tão importante que o filme vira quase um cartão postal que não se preocupa muito com a história.

Nessa armadilha, Rio, eu te amo cai, e já deixa isso claro desde o início quando mostra sua obsessão por tomadas aéreas da cidade, que mesmo impressionando de cara, logo cansa e mostra que as belas paisagens  da cidade são mais importantes do que as histórias a serem contadas.
Diferente do ótimo Paris eu te amo, a estrutura do filme não separa totalmente seus contos, fazendo com que um “invada” o outro como se tudo fosse uma coisa só: uma abordagem boba já que ao pular de um pra outro sem concluir o anterior, o longa acaba sofrendo com uma desnecessária quebra de ritmo.

Os contos como esperado tem bons e ruins:

Entre os Brasileiros, Fernando Meireles continua piorando como diretor , tendo dirigido o pior de todos(o que se passa na praia de Copacabana). Já Carlos Saldanha cria belas imagens , mas numa história um tanto chata sobre um casal de dançarinos(nenhum surpresa vindo dele aliás). José Padilha faz sua crítica social habitual e cria uma bela cena ao mostrar Vagner Moura “conversando” com o Cristo Redentor, mas talvez por ser um curta, isso fica um tanto jogado sem ter tempo pra ser desenvolvido. Já  Andrucha Waddington sim, faz um belo e emocionante curta sobre uma mendiga, entretanto na vida real a gente sabe que aquilo seria praticamente impossível de acontecer e acaba soando um tanto irreal.(mas tem Fernanda Montenegro em estado de graça)

Entre os estrangeiros, o coreano  Im Sang Soo dirige o pior deles contando a história de um vampiro e John Turturro também falha ao mostrar um casal em crise, que falam coisas sem muito sentido. Em contrapartida os outros quatros diretores fazem belíssimos contos. Guilhermo Arriaga comanda um conto sobre um boxeador que termina com uma bela imagem que surpreende e que faz todo sentido dentro do que o diretor queria mostrar.  Paolo Sorrentino cria um bom suspense(com toques de humor) na história de um casal estrangeiro que vem para o Rio e que o homem vive numa cadeira de rodas.E  os dois melhores vem :Um deles do australiano Stephan Elliott que faz a maior declaração a cidade de todo o filme(a história de um astro americano de cinema).
O melhor de todos merece um parágrafo só pra ele.

O conto da Libanesa Nadine Labaki é fantástico: belo, tocante, bem atuado e sem usar cartão postal da cidade. A diretora mistura humor e sensibilidade pra contar a história de um menino que ligou pra jesus.

Mas no fim das contas Rio eu te amo é como um daqueles turistas que estão mais preocupados em tirar fotos do que em aproveitar o lugar. A beleza visual é o que importa mais

Acho que faltou a sensibilidade de Breno Silveira.


Nota-6

Nenhum comentário:

Postar um comentário