Quando o nome de uma cidade está no título do filme, é
preciso cuidado pra não cair em duas armadilhas
A primeira delas pode ser evitada com a pergunta; “O filme
precisa se passar nessa cidade ou poderia ser em qualquer outra?
A segunda delas é a cidade ser tão importante, mas tão
importante que o filme vira quase um cartão postal que não se preocupa muito
com a história.
Nessa armadilha, Rio, eu te amo cai, e já deixa isso claro
desde o início quando mostra sua obsessão por tomadas aéreas da cidade, que mesmo
impressionando de cara, logo cansa e mostra que as belas paisagens da cidade são mais importantes do que as
histórias a serem contadas.
Diferente do ótimo Paris eu te amo, a estrutura do filme não
separa totalmente seus contos, fazendo com que um “invada” o outro como se tudo
fosse uma coisa só: uma abordagem boba já que ao pular de um pra outro sem
concluir o anterior, o longa acaba sofrendo com uma desnecessária quebra de
ritmo.
Os contos como esperado tem bons e ruins:
Entre os Brasileiros, Fernando Meireles continua piorando
como diretor , tendo dirigido o pior de todos(o que se passa na praia de Copacabana).
Já Carlos Saldanha cria belas imagens , mas numa história um tanto chata sobre
um casal de dançarinos(nenhum surpresa vindo dele aliás). José Padilha faz sua
crítica social habitual e cria uma bela cena ao mostrar Vagner Moura “conversando”
com o Cristo Redentor, mas talvez por ser um curta, isso fica um tanto jogado
sem ter tempo pra ser desenvolvido. Já Andrucha Waddington sim, faz um belo e
emocionante curta sobre uma mendiga, entretanto na vida real a gente sabe que
aquilo seria praticamente impossível de acontecer e acaba soando um tanto
irreal.(mas tem Fernanda Montenegro em estado de graça)
Entre os estrangeiros, o
coreano Im Sang Soo
dirige o pior deles contando a história de um vampiro e John Turturro
também falha ao mostrar um casal em crise, que falam coisas sem muito sentido.
Em contrapartida os outros quatros diretores fazem belíssimos contos. Guilhermo
Arriaga comanda um conto sobre um boxeador que termina com uma bela imagem que
surpreende e que faz todo sentido dentro do que o diretor queria mostrar. Paolo Sorrentino cria um bom
suspense(com toques de humor) na história de um casal estrangeiro que vem para
o Rio e que o homem vive numa cadeira de rodas.E os dois melhores vem :Um deles do australiano
Stephan Elliott que faz a maior
declaração a cidade de todo o filme(a história de um astro americano de cinema).
O melhor de todos merece um parágrafo só pra ele.
O conto da Libanesa Nadine Labaki é fantástico: belo, tocante, bem atuado
e sem usar cartão postal da cidade. A diretora mistura humor e sensibilidade
pra contar a história de um menino que ligou pra jesus.
Mas no fim das contas Rio
eu te amo é como um daqueles turistas que estão mais preocupados em tirar fotos
do que em aproveitar o lugar. A beleza visual é o que importa mais
Acho que faltou a
sensibilidade de Breno Silveira.
Nota-6
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