sexta-feira, 29 de junho de 2012

Para Roma com Amor

- Não tente me analisar, muitos já tentaram e fracassaram-

Nem mesmo de Woody Allen  devemos esperar um filme brilhante todo ano, nem mesmo um roteiro tão espetacular quanto Match Point e Meia Noite em Paris, mas sempre podemos esperar um filme divertido e/ou adorável, por que isso quase sempre acontece.

Dito isso, “Para Roma com amor” esta longe de ser um dos melhores filmes dele, mas sem dúvida é um delicioso passatempo e considerando que ele já tem 76 anos  faz um filme por ano e já tem mais de 40 filmes, isso é um grande feito.

Tendo Roma como cenário o filme se divide em  4 histórias. Na primeira um casal americano vai a Roma pra conhecer o noivo de sua filha. Em outra um jovem se envolve com a melhor amiga de sua namorada. Temos também a história de um homem comum que sem nenhum motivo aparente vira uma celebridade. E a outra é de um casal em Lua de mel, e ele sem querer se envolve com uma prostituta (enquanto tem que impressionar o tio) e ela com um famoso ator de cinema que está rodando um filme no local.

O filme tem boas atuações, diálogos divertidos e algumas  situações hilárias como a solução criada por um dos personagens para resolver o problema de canto do outro e uma montagem brilhante que faz com que as 4 histórias se passem em tempos diferentes(uma em um dia, outras em semanas) sem jamais soar confusa.
Mas como tudo que o diretor faz, a força está mesmo nos personagens, não há efeito especial, não há trama complexa, tudo gira em torno das dúvidas das pessoas. Se entregar a uma tentação ou se manter fiel? Ir em frente com aquilo que você acredita, mesmo que todo mundo acha loucura?

Mais o que mais me chamou atenção foi a história da celebridade, que embora não seja a melhor delas, é uma forte crítica a esse culto sem o menor motivo a alguém e isso contrasta com uma outra história onde celebridades de verdade não chamam a mesma atenção e podem até ir a um restaurante sem ser importunado por repórteres.

Contando com belas mulheres no elenco como Ellen Page(que consegue criar uma personagem sensual e não apenas fofa como em Juno)  Penélope Cruz(muito sensual como o papel exige e Alessandra Mastronardi( vivendo uma personagem que dá vontade de levar pra casa) e toda a beleza da capital italiana Para Roma com amor é um deleite para os olhos e embora a cidade não tenha para o filme a mesma importância que Paris e Barcelona tiveram, ela está longe de servir apenas como cartão postal para o filme como no desenho Rio.

Nota -8


segunda-feira, 25 de junho de 2012

SOMBRAS DA NOITE


Tim Burton, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, clima sombrio, trama esquisita (um vampiro acorda 200 anos depois de ter sido enterrado por uma bruxa e tenta voltar para o que ainda resta da sua tradicional família), personagens estranhos, ou seja, fica difícil achar novidade em Sombras da Noite. Adicione isso a situações sem sentidos, alguns personagens descartáveis (um deles é realmente descartado) e tenha uma ideia do que é o filme.

Porém terá a ideia errada, pois o resultado final é uma das bobeiras mais divertidas que eu vi em muito tempo, já que Tim Burton percebeu o potencial de fracasso e não levou seu filme a sério.

Assim temos cenas irreias do vampiro pedindo conselhos amorosos a uma garota de 15 anos, fumando maconha com hippies (que claro, o acham o máximo) e uma das cenas de sexo mais divertidas que já vi; Além disso, o filme não se preocupa em repetir clichês de qualquer filme que tenha uma pessoa que acorda em outra época (isso poderia ser um defeito, mas cada cena é hilária).

Usando diálogos divertidos (e muitas vezes toscos) o filme ganha força em cada duelo entre o vampiro e a bruxa (mesmo que eles não tenham muita lógica) fazendo uso de uma sensualidade pouco vista nos filmes de Tim Burton, e Johnny Depp(mesmo interpretando um personagem parecido com diversos outros) e Eva Green dão conta do recado(ela atua bem com o corpo também).

Com o resto do elenco também muito bem ,o filme pode não ser tão divertido quanto a Família Adams, mas assim como em “Jogos Vorazes” os inúmeros problemas do filme, ficam pequenos diante do prazer que o mesmo proporciona.

E nem todo filme bom(ou ótimo) precisa ser profundo né?

Nota-8

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Deus da Carnificina


Quando assisti a ótima peça  ”Deus da carnificina” imediatamente lembrei do filme “Anjo exterminador” de Luis Buñuel. As pessoas trancadas dentro de uma casa começam a tirar suas máscaras e mostrar o quanto podem ser cruéis.

Na trama do filme (assim como na peça), uma criança agride a outra e os pais das duas crianças vão conversar, mas o que era pra ser uma conversa civilizada, acaba virando  uma discussão sem fim e muito pouco amigável.

O filme já começa com uma bela cena que mostra várias crianças em um parque, até que uma  agride a outra; porém o público acompanha tudo de longe sem consegui entender o que eles estão falando e qual foi o motivo da agressão, o que é uma grande sacada do diretor, já que ao longo do filme, veremos que o motivo da briga não é o mais importante.

-Corta para o apartamento dos pais do menino agredido-

Os dois casais começar a conversar educadamente, tentando resolver a situação da melhor forma possível, que é uma situação ruim, porém normal de acontecer. Porém o que se segue é uma sequencia de ofensas, e todos começam e disparar seus preconceitos, indiferenças, arrogância, além de expor as intimidades familiares.

Uma técnica que o cinema permite é a manipulação das imagens; em um filme, você  ver exatamente o que o diretor quer que você veja, ao contrário do teatro que os olhos do público podem passear pelo palco. E Roman Polanski faz isso com maestria criando um ambiente mais claustrofóbico e angustiante. Além disso, cada vez que um personagem está em destaque, o diretor  capta a reação de algum outro, destacando aquele que interessa mostrar na hora. Repare em um das várias cenas que um personagem fala ao celular e veja a impaciência da esposa dele; é mais  importante que olhemos pra ela na cena do que para os outros dois, e isso uma peça de teatro não poderia  te “obrigar” a olhar pra quem deveria na hora.

O texto Yasmina Reza(também roteirista do longa ao lado de Polanski) é crítico, cínico, debochado, triste e engraçado, mas poderia não funcionar se não fosse dito por grandes atores, mas felizmente os quatro atores tem grandes atuações(Kate Winslet em alguns momentos parece exagerada além do necessário, mas nada que atrapalhe).

No fim de tudo fica claro que não importa quem é a pessoa mais calma, mais cínica, mais explosiva, mais justa; em algum momento  todos podem perder suas máscaras e tudo pode culminar em uma carnificina verbal,  moral e emocional.

Nota 9