quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Sin City-A Dama Fatal

“Quer que eu quebre a cara dele? Não tenho nada pra fazer essa noite”

Essa frase dita por Marv(melhor personagem do filme de 2005) revela bem mais sobre o filme do que os diretores Robert Rodrigues e Frank Miller  gostariam.

Marv não tem nada pra fazer o filme inteiro e parece só estar alí por causa da força do personagem. É como se o ator Micey Rouker estivesse homenageando seu personagem e não atuando.

Desse mesmo problema(aliás em grau bem maior) sofre John Hartigan. Parece que Bruce Willis no contrato do primeiro filme deve ter assinado que participaria da continuação, porque a aparição de seu personagem parece extremamente forçada.

Por caminho parecido vai  Nancy Callahan que ganha a beleza, as curvas e a falta de talento de Jéssica Alba de novo, porém pelo menos na reta final a personagem ganha uma função além e ficar dançando. Na original, nem mesmo interessante, mas melhor que nada(se bem que visualmente ela dançando era melhor). E o desfecho da trama dela é absurdamente ridículo.

Aliás isso reflete muito a falta de qualidade do filme. 9 anos depois, e não conseguiram arrumar muita coisa interessante e ficou com cara de “não tem nada melhor então vai qualquer coisa mesmo, e vamos chamar os mesmo atores”

Mas não sejamos tão injusto: A trama da Dama fatal que dá título ao filme é até , e os principais responsáveis são Josh Brolin(que herdou o personagem de Clive Owen  e Eva Green que convence perfeitamente com uma mulher fatal, seja nos momentos sensuais(quase todos) e nos momentos em que ela precisa mostrar tristeza. Porém ainda assim, a história aqui demora um pouco pra engrenar e parece “encher linguiça” em alguns momentos que inclui as mulheres da cidade velha.

A terceira parte do filme conta com um novo personagem que é vivido pelo talentoso Joseph Gordon-Levitt.  Johnny é arrogante, bom de briga e com uma confiança inabalável e chega a Sin City pronto pra fazer história; Porém se a princípio simpatizamos com ele, isso não sobrevive muito já que é difícil de acreditar que alguém tão “sagaz” possa cometer tanta estupidez.

Com roteiro fraco e cenas de ação exageradas(são ótimas, mas soa um mais do mesmo), esse novo Sin city acerta de verdade apenas no visual impecável, que dá a cidade um ar sempre ameaçador. Aliás toda a parte técnica do filme merece aplausos, mas se em 2005,  tudo estava a serviço de um filme fascinante que tinha ótimas histórias, humor cruel, diálogos afiados e grandes personagens, dessa vez tudo está a serviço de um filme que não chega a ser uma bomba, mas que é plenamente dispensável.

O visual já era impecável no primeiro longa. Logo o maior acerto do filme nem novidade é.


Nota-4,5                                                                                                                                                                        

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Isolados

Já assisti  a muitos de terror e suspense, no entanto não lembro de ter vistos muitos brasileiros do gênero, logo esse fato já me chamou a atenção para o filme
O diretor do filme pelo visto também já assistiu a muitos e provavelmente leu algum manual de como dirigir um filme de terror e sem a menor vergonha, mergulhou seu longa em todos os clichês do gênero.

O filme já começa com uma garota sendo perseguida em uma mata por alguém que a gente não vê. Planos fechados, cortes rápidos, trilha sonora tensa e som muito alto dão o tom a cena.

Logo depois vemos Lauro e Renata indo de carro até uma casa dessa mesma região, que como diz o título, fica mais isolada do que o Fred no ataque do Brasil durante a copa. Ele, médico, acredita que ela, que sofre de depressão, pode melhorar com essa viagem. Eles param em um bar e o dono informa de assassinatos ocorrendo na região. Aí, o que ele faz?
Esconde isso da namorada e vai pra lá assim mesmo, como se quisesse virar estatística do assassino.
É bem verdade que se eles não fossem o filme acabaria ali,mas assim, Não era mais fácil eles não terem parado no bar? Ou o dono não ter dito nada? Bom, mas como isso ele respeita a lógica do gênero que diz que os personagens precisam tomar atitudes idiotas.

Chegando na casa(que tem até  um cachorro que aparece e desaparece de acordo com as necessidades do roteiro) eles tem mais alguns motivos pra irem embora, mas adivinha só? Ficam lá. O que claro acaba gerando briga entre o casal, pois quando Lauro não deixa ela sair sozinha, ela apenas acha que ele ta sendo controlador e não tentando proteger(proteger????)

Mas o filme continua deixando claro que não ta nem aí pra lógica ou verossimilhança

E aí segue utilizando os mesmo recursos do início
Planos fechado, som alto, trilha sonora exaustiva, cortes rápidos e por aí vai. E eu já disse que falta luz na casa e que o celular fica sem sinal? Aposto que você nem esperava por isso.

O final do filme também é bem estilo filmes do gênero e embora explique algumas coisas que não pareciam fazer sentido, o fato é que não é lá muito original.

Com tantos problemas é quase impossível gostar.

E aí é que vem o mais absurdo de todos e a culpa nesse caso é minha. Contrariando a lógica e o bom senso, eu gostei do filme, achei tenso e levei sustos. É como se eu tivesse caído nos truques manjados do diretor e no fim das contas é o que importa.
No fim das contas a opinião do público(nesse caso a minha) também pode ser bastante incoerente.

Nota-2 para o filme
Nota-8 para o quanto eu curti o filme.

sábado, 13 de setembro de 2014

Rio eu te amo

Quando o nome de uma cidade está no título do filme, é preciso cuidado pra não cair em duas armadilhas

A primeira delas pode ser evitada com a pergunta; “O filme precisa se passar nessa cidade ou poderia ser em qualquer outra?

A segunda delas é a cidade ser tão importante, mas tão importante que o filme vira quase um cartão postal que não se preocupa muito com a história.

Nessa armadilha, Rio, eu te amo cai, e já deixa isso claro desde o início quando mostra sua obsessão por tomadas aéreas da cidade, que mesmo impressionando de cara, logo cansa e mostra que as belas paisagens  da cidade são mais importantes do que as histórias a serem contadas.
Diferente do ótimo Paris eu te amo, a estrutura do filme não separa totalmente seus contos, fazendo com que um “invada” o outro como se tudo fosse uma coisa só: uma abordagem boba já que ao pular de um pra outro sem concluir o anterior, o longa acaba sofrendo com uma desnecessária quebra de ritmo.

Os contos como esperado tem bons e ruins:

Entre os Brasileiros, Fernando Meireles continua piorando como diretor , tendo dirigido o pior de todos(o que se passa na praia de Copacabana). Já Carlos Saldanha cria belas imagens , mas numa história um tanto chata sobre um casal de dançarinos(nenhum surpresa vindo dele aliás). José Padilha faz sua crítica social habitual e cria uma bela cena ao mostrar Vagner Moura “conversando” com o Cristo Redentor, mas talvez por ser um curta, isso fica um tanto jogado sem ter tempo pra ser desenvolvido. Já  Andrucha Waddington sim, faz um belo e emocionante curta sobre uma mendiga, entretanto na vida real a gente sabe que aquilo seria praticamente impossível de acontecer e acaba soando um tanto irreal.(mas tem Fernanda Montenegro em estado de graça)

Entre os estrangeiros, o coreano  Im Sang Soo dirige o pior deles contando a história de um vampiro e John Turturro também falha ao mostrar um casal em crise, que falam coisas sem muito sentido. Em contrapartida os outros quatros diretores fazem belíssimos contos. Guilhermo Arriaga comanda um conto sobre um boxeador que termina com uma bela imagem que surpreende e que faz todo sentido dentro do que o diretor queria mostrar.  Paolo Sorrentino cria um bom suspense(com toques de humor) na história de um casal estrangeiro que vem para o Rio e que o homem vive numa cadeira de rodas.E  os dois melhores vem :Um deles do australiano Stephan Elliott que faz a maior declaração a cidade de todo o filme(a história de um astro americano de cinema).
O melhor de todos merece um parágrafo só pra ele.

O conto da Libanesa Nadine Labaki é fantástico: belo, tocante, bem atuado e sem usar cartão postal da cidade. A diretora mistura humor e sensibilidade pra contar a história de um menino que ligou pra jesus.

Mas no fim das contas Rio eu te amo é como um daqueles turistas que estão mais preocupados em tirar fotos do que em aproveitar o lugar. A beleza visual é o que importa mais

Acho que faltou a sensibilidade de Breno Silveira.


Nota-6