sábado, 20 de agosto de 2011

Dançando no escuro


Já no início, Dançando o escuro causa incômodo por não conseguir enquadrar direito nenhum dos personagens, um erro na direção de Lars Von Trier. E Se isso foi a intenção dele, não me parece ter tido propósito algum pra o filme. É claro que os defensores vão dizer que é uma relação com a falta de visão nítida de uma personagem que está ficando cega, mas eu discordo, afinal a falta de clareza nas cenas não se dá apenas quando é ela que está vendo alguma coisa. E ao longo do filme essa questão acontece mais algumas vezes.

Felizmente Lars compensa essas falhas, extraindo imagens belíssimas de cada número musical, achando o ponto de equilíbrio entre beleza e tristeza.

Na trama, Selma (Björk) é uma mulher que está ficando cega e sabendo que o mesmo vai acontecer com o seu filho, ela trabalha duro e economiza pra que possa pagar uma cirurgia pra ele. mas um acontecimento inesperado pode alterar os seus planos.

O roteiro é tão bom, que faz com que não soe estranho cada vez que a história é interrompida por um número musical, pelo contrário, é até agradável quando isso acontece, já que dar uma quebrada no clima pesado do filme, afinal Selma é Amante de filmes musicais, e sempre se refugia dos momentos críticos, imaginando belas cenas musicais em sua vida. E muitas delas são emocionantes.

Mas nada disso teria tanta força se não fosse a grande atuação da cantora Björk. Ela mantém uma expressão triste, porém otimista das coisas e seu simples sorriso cativa ao passo que sua tristeza emociona.
Lars von trier, até comete algumas falhas na direção com as que citei no início, mas no geral faz um bom trabalho, e com a força do roteiro e das atuações, o resultado final é um grande e emocionante filme.
Nota 9





segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Melancolia


Um planeta chamado Melancolia está se aproximando da terra e pode destruí-la. Enquanto isso uma publicitária está se casando. Isso poderia ser a história de um filme de ação, mas é um filme do Lars Von Trier, o que de uma forma ou de outra, a gente sabe que muita coisa alí pode não fazer sentido. 

O ego gigante do diretor já é visto assim que começa o filme com longas imagens com pouco movimento que se tivesse legenda diria algo como: “ olha como sou uma imagem bonita”. Aí depois de um tempo vem o título do filme (que pelo visto o nome do diretor faz parte, já que aparece junto). Mas o que de fato incomoda em seu ego, é a total falta de preocupação com a história como se tudo que ele fizesse fosse genial só por ser dele. Assim não importa porque alguns personagens tem mudança de comportamento de repente, ou porque outros são descartados da trama sem motivo aparente, ou porque a personagem principal de uma hora pra outra passa a não importar mais para filme, entre outras coisas na “história”. Mas na verdade nada importa muito, só o sofrimento e a “melancolia”; a tristeza enorme do tamanho de um planeta que toma conta dos personagens do filme.

Mas o filme tem méritos; Lars é um bom diretor e mostra com perfeição toda a tristeza que ele quer, além disso, a direção de arte e a fotografia são muito boas e mantém sempre o tom melancólico. E juntando isso ao bom trabalho dos atores, essa intenção do filme consegue ser realmente bem sucedida.

Mas é só isso, e não salva o resultado final, afinal não há diálogos inteligentes, nem personagens fascinantes (seria necessário para um filme com uma “história” tão ruim). Se se preocupasse com a trama, o filme poderia ser bom, mas por enquanto Lars parece preocupado apenas em dar declarações polêmicas e/ou egocêntricas e achar que nada do que ele faz precisa ser explicado, e com isso ele acha que só por fazer filmes fora dos padrões, está revolucionando o cinema.

Obs: acho que no fim das contas o filme consegue ser exatamente o que pretendia. O problema é que o que ele pretendia não era bom.

Obs 2: embora muita coisa não faça sentido, não há nada no filme para o público pensar, mas vai ter quem diga que ele gosta de fazer isso para que seu público pense muito e se sinta inteligente. E muitos se sentem mesmo.

Nota-4