sábado, 15 de junho de 2013

Antes da Meia Noite

Dois estranhos se conhecem em um trem, passam a noite andando por Viena e se apaixonam
9 anos depois eles se reencontram em Paris
Mais 9 anos depois e....

Jesse está com seu filho no aeroporto que está voltando para a casa no EUA depois de passar as férias na Grécia com o pai. Logo depois o filme mostra como está a vida entre ele e Celine.

Logo de cara o filme mostra que a relação de Jesse com filho adolescente, não é tão próxima, e as conversas superficiais deixam claro isso, ainda mais se tratando de uma trilogia em que os diálogos são tão importantes; e essa relação será um dos motes das inúmeras conversas entre o casal de protagonistas.

Na trama, Jesse e Celine estão casados e com duas filhas gêmeas, moram em Paris, mas estão passando as férias na Grécia. Ele pretende voltar a morar nos EUA pra não perder o crescimento do filho. Ela está em dúvida sobre o novo emprego e não cogita a mudança de país.

Deixando claro desde o início que a relação entre os dois passa por momentos turbulentos e que qualquer coisa pode gerar uma discussão, o filme é corajoso ao mostrar que a vida não é um mar de rosas nem mesmo para um casal tão apaixonado, afinal estão juntos há muito tempo, e existe não só o desgaste natural, mas também a diferença de personalidades. Assim o público acredita que ambos podem não terminar juntos e isso causa um desespero, o que faz com que o filme te deixe várias vezes apreensivo.

A direção de Richard Linklater é simples e por isso mesmo brilhante. Ele entende que a força dos filmes da série, são os diálogos e os atores e com isso não fazer invencionices é um grande mérito; O que é preciso fazer é colocar o casal pra brilhar em cena e extrair o máximo de emoção possível. Aliás outro ponto positivo do diretor é não deixar nem que o belo cenário da Grécia “roube” a cena do casal.

O roteiro é brilhante e ainda nos apresenta a outros casais de idades diferentes, o que nos faz conhecer um pouco da relação de cada um, além de claro, as frases e reflexões poderosas sobre a vida e também a vida há dois, o que já era esperado.

Ethan Hawke e Julie Delpy estão brilhantes(e despidos de vaidade) e mostram uma química de casal poucas vezes vista, e ao sairmos do cinema tendo visto-os mais uma vez é uma sensação maravilhosa.

Já estou com saudades. Será que irei vê-los de novo?
Será que serão mais 9 anos?


Nota-10

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Depois da Terra

Will Smith é um cara egocêntrico e agora está tentando impulsionar a carreira do filho no cinema; Assim sendo, ele pegou uma história dele mesmo e junto com sua esposa e seu cunhado, produziram o filme para que seu garoto estrelasse. E se muita gente já torceu o nariz pra esse fato, imagina quando dirigindo o filme está ninguém menos que o também egocêntrico Shyamalan. Pronto; Tem se o filme perfeito pra crítica odiar.


Mas ainda que eu goste do diretor, o fato é que dessa vez eu concordo com as críticas negativas, Depois da Terra, nada mais é que um veículo dos Smiths, o que não seria problema se o resultado fosse bom, mas a verdade é que até dizer que é ruim já parece um elogio.

A péssima história nos diz que a terra deixou der ser um planeta habitável, e assim os humanos vivem em uma colônia, até que um dia a nave do comandante(vivido por Smith) cai na terra e ele e seu filho são os únicos sobreviventes, porém ele com as duas pernas quebradas fica na nave enquanto seu filho tenta recuperar o localizador da nave que sumiu junto com a cauda por todo o planeta que agora é habitado por seres que evoluíram pra matar humanos. O que também se perdeu pela terra foi a ursa, que é uma espécie de monstro que fareja o medo.

Porque isso se passa na Terra eu não tenho a menor ideia, mas ok, a gente aceita. O que é difícil aceitar é o fato que mesmo deixando seu filho “atuar”, o Smith pai não consegue deixar de aparecer e assim ele fica na nave o tempo todo monitorando o moleque lá fora, avisando dos perigos e dizendo frases cheia de significados vazios. E com isso ainda tira qualquer possibilidade de um susto já que sabemos cada perigo que o garoto vai enfrentar nessa terra. Tudo isso pra encher linguiça (e pra Will aparecer mais) e disfarçar o fato de que não tem quase nada acontecendo.

E se a história já um tanto ruim, o roteiro ainda piora com diálogos pavorosos como: “Minha roupa ficou preta, eu gostei, mas acho que isso não é bom” ele não precisa de um comandante, precisa de um pai”  “ O perigo é real, o medo é uma escolha”; Essa última aliás está no cartaz do filme porque alguém achou que isso era legal.

E como já havia demonstrado em “O último mestre do Ar” Shyamalan confirma que não tem nenhuma habilidade pra dirigir cenas de ação e que só não são impossíveis de serem entendidas porque raramente tem mais de dois seres vivos em cena. O forte dele é suspense, mas o estúpido roteiro(que ele escreveu também) sabota qualquer tentativa de se criar alguma tensão.
Além disso, o efeitos especiais parecem um tanto ruins e a terra jamais parece tão ameaçadora.

Falho também ao tentar criar um drama familiar com personagens que a gente torce pra ser devorado pelos monstros, Depois da Terra é forte candidato a pior filme do ano e Shyamalan parte filme pra mais um troféu framboesa; E dessa vez, nem mesmo eu(que gosto de A Dama na Água e Fim dos Tempos) irei achar injusto.


Nota 3

sábado, 1 de junho de 2013

Faroeste Caboclo

Adaptar uma obra tão conhecida, normalmente garante um grande público. Porém os fãs mais radicais, não hesitarão em reclamar se tiver algo fora do lugar, assim como se estiver tudo certo, eles amarão o filme incondicionalmente e ainda vão criticar os que não gostaram, muitas vezes usando o falho argumento de que “não entenderam porque não conhecem a obra original”, mais o fato é que um filme tem que se sustentar por ele mesmo não importando o material em que ele se baseou ou foi adaptado.

O que chega a esse “Faroeste Caboclo”, filme inspirado na música de Renato Russo que apesar de ser quase certo afirmar que a maioria absoluta que foi/vai assistir conhece a canção original, o longa se sustenta sozinho, sendo fiel, porém não submisso, agradando aos fãs e aos leigos.

A história de João de Santo Cristo, que vai a Brasília, faz serviços ilegais, se apaixona por Maria Lúcia e cria uma rivalidade com um traficante de renome, é bem contada, apoiada por um belo clima de faroeste criado por seu diretor e equipe e brilhantemente atuada. Isis valverde, Felipe Abib e Cesar Troncoso fazem um belo trabalho como Maria Lúcia, Jeremias e Pablo. Porém o grande destaque é mesmo Fabrício Boliveira que com uma atuação impecável, transforma o protagonista do filme em um personagem que não deve nada a música e apenas seu olhar já transmite todo o sentimento do personagem.

Outro grande mérito do filme é a sutileza: Ao contrário dos links infantis e forçados vistos em “Somos Tão Jovens”, “Faroeste”tenta ao máximo evitar esse recurso e a forma sutil com que mostra que “de todos seus pecados ele se arrependeu” e que ele “era só ódio por dentro” chega a ser emocionante e fácil de perceber, até mesmo para os que não conhecem a obra original(mas a emoção é só pra que conhece).

Além disso, o roteiro é inteligente ao inverter a ordem de algumas coisas e fazer algumas adaptações para que faça mais sentido dentro do contexto do filme que é claro, não é 100% igual a música e uma falta de cuidado aqui, poderia deixar algumas pontas soltas e até mesmo ilógicas.

E suas soluções pessoais para algumas situações também merecem aplausos.

O que dizer das “bandeirinhas” na hora do duelo?

Absolutamente genial.

Nota 9,5