sábado, 28 de junho de 2014

O Grande Hotel Budapeste

Muitos diretores tem um estilo muito próprio em seus filmes, e nenhum deles é mais fácil de reconhecer do que o de Wes Anderson. Sua forma de dirigir não agrada a todo mundo e eu mesmo confesso que não sou o maior fã e isso me impediu de adorar(porém gosto de)  Moonrise Kingdom e Os excêntricos tenabaums .
Porém nesse novo filme, seu estilo tão peculiar parece ser fundamental para dar ao seu filme um tom que beira o surrealismo.

Na trama, um escritor começa a contar a história de sua estadia no outrora deslumbrante Hotel Budapeste,(mas que agora tem poucos hóspede)e assim, ele logo conhece um senhor que vive isolado quando visita o hotel. Não demora muito pra que ele descubra que se trata do dono do hotel que resolver lhe contar como ele conseguiu tal proeza.

Funcionando como uma versão  bem mais inteligente e interessante do bonitinho mais ordinário “Quem quer ser um milionário ?”, a trama é um prato cheio para os atores brilharem e se divertirem em seus papéis estranhos, ajudado por  maquiagens impecáveis com destaque para a de Tilda Swinton que  deixa a grande atriz irreconhecível.

Além disso, o filme tem um humor extraído de diálogos brilhantes e até mesmo de situações violentas que não deixam nada a dever a um filme dor irmãos coens por exemplo.

E se a excelente trama merece destaque, creio que isso se deve muito também  a direção de arte que cria os cenários mais inusitados para as situações, e reparem na diferença do hotel na sua época de luxo e na sua época de abandono pra perceber o grande trabalho que foi feito nesse sentido.

E pra completar a trilha sonora é um achado.

Um filme absolutamente brilhante em que tudo funciona perfeitamente bem.


Nota-9,5

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Malévola

Seja pelo sucesso da franquia Shrek, seja pra se adaptar aso novos tempos, ou seja qualquer outro motivo, o fato é que a Disney vem desconstruindo contos de fadas. Suas obras mais recentes vem mostrando que princesa esperar o príncipe encantado e viver feliz para sempre, nem sempre é a solução.

Encantada, Valente(da pixar, mas ok), Frozen já buscaram esses caminhos, o que claro, despertou polêmica entre os mais conservadores e religiosos; Assim a princesa de “Valente” foi acusada de ser lésbica e “Frozen” de incentivar o feminismo e com isso destruir família(ou algo estúpido do gênero).

Malévola também vai por esse lado ao contar a história de Aurora, mais conhecida como a bela adormecida, pelo ponto de vista da bruxa e como ela era boazinha e virou vilã e o porquê ela amaldiçoou  princesa.

Embora não seja uma maravilha, o filme tem um bom roteiro que é fiel a obra original ao mesmo tempo que desconstrói algumas  “verdades” ali apresentadas e com isso consegue cativar o público que reconhece o que está sendo visto várias vezes e ainda assim é surpreendido pela “liberdades” do longa. A famosa cena do beijo de amor é hilária por apresentar um diálogo um tanto inspirado, algo que jamais seria dito por um príncipe de contos de fadas.

Contando com uma produção espetacular o filme capta o ar sombrio sempre que necessário, e transforma o castelo o rei em um lugar assustador, porém também consegue captar com perfeição o clima feliz do filme nas cenas que o exigem. (Espero fotografia, maquiagem e direção de arte indicadas ao oscar).

Mas nada disso funcionaria se não fosse a química e as atuações. Angelina Jolie está inspiradíssima no papel de Malévola e consegue transmitir ameaça e ternura ao mesmo tempo. Não menos inspirada temos a princesa Aurora que ganhou o rosto, o sorriso e o talento de Elle Fanning e as cenas dela sorrindo como uma princesa padrão antigo Disney, são divertidas  justamente por brincarem com a situação ao mesmo tempo que homenageiam, algo que “Encantada” já tinha feito brilhantemente.

Divertido, diferente, porém fiel, Malévola é a primeira adaptação mais adulta de um clássico infantil, realmente boa; Talvez por ser o menos adulto de todos e assim ainda manter a magia do clássico infantil sem parecer que está forçando a barra.

Nota 7,5