quinta-feira, 23 de junho de 2011

Magnólia


Magnólia é um filme que conta com histórias paralelas, e algum personagem de uma, as vezes tem relação com um personagem de outra e assim vai. Alguém do núcleo A tem ligação com alguém do B que tem com alguém do C. E o que todos esses núcleos têm em comum? Todos buscam algo em sua vida que em algum momento ficou pra trás, ou algo que ainda não conheceram. E todos serão atingidos por um estranho acontecimento.

Na trama temos Earl Partridge (Jason Robards), um senhor que está a beira da morte e é cuidado pelo seu enfermeiro Phil Parma(Philip Seymour Hoffman), enquanto sua jovem esposa Linda(Julianne Moore) não sabe bem o que fazer e sente uma enorme culpa. Earl sonha em fazer as pazes com o filho Frank T.J. Mackey(Tom Cruise) que é um homem que ganha a vida escrevendo e ensinando teorias machista com um livro chamado Seduza e destrua.

Em outro ponto da trama temos o policial Jim Kurring (John C. Reilly) que se encanta com uma mulher que ele vai investigar, Claudia(Melora Walters) e que tem problemas com o pai Jimmy(Philip Baker Hall); um apresentador de um programa de auditório famoso que crianças enfrentam adultos, e o prodígio da vez é o garotinho Stanley(Jeremy Blackman) que passa seus dias estudando os assuntos mais variados pra vencer sempre no programa, porque seu pai o pressiona e exige que as coisas sejam assim. O seu possível triste futuro pode ser visto em Donnie Smith (William H. Macy), um adulto infeliz que fez sucesso no programa quando era criança e tem mágoa das crianças que o tratavam como diferentes por ele ser super inteligente.

E é com esses personagens que o diretor Paul Tomas Anderson faz um trabalho excepcional, seja contando suas histórias, seja confiando em cada um de seus intérpretes ao dar vários closers no rosto dos atores, permitindo que estes mostrem seus sentimentos, e com um elenco excepcional o resultado é admirável. Impressionaram-me mais, William H. Macy ,Philip Seymour Hoffman, John C. Reilly e Tom Cruise; Esse último exibe uma confiança inabalável com as mulheres e ao ser perguntado se ele lembra de uma determinada mulher, ele diz: “ela certamente lembra de mim”. Mas não é só isso, o ator também tem que viver momentos dramáticos no filme e impressiona da mesma forma; se a principio ele surge quase como um animal no cio, depois quando é revelado detalhas de sua vida, ele vai adotando um olhar mais triste, e seu drama vai culminar em um discurso comovente. Aliás seu passado pode sugerir o porque ele se tornou tão machista, talvez o medo de se apegar a uma mulher, e com isso ele pode querer apenas usá-las.

Mas o acerto da direção não está apenas e conduzir a história e os atores e sim durante seu movimentos de câmera também. A solidão de Earl por exemplo(que busca pelo filho) é vista quando ele aparece deitado sozinho em um cômodo enorme e vazio; na verdade cheio de cachorros o que pode querer compensar o fato de que falta uma família. Outro destaque é quando Frank confronta uma repórter e levanta da cadeira e a câmera só o pega da cintura pra baixo, escondendo seu rosto. Algo que pode simbolizar o que seria uma posição ideal para um sexo oral por parte da mulher, e considerando que Frank é adepto a seduzir e abandonar seria bem provável que isso passasse pela cabeça dele, afinal muitos machistas acham que a mulher não tem muito valor quando faz isso. Outro detalhe é a fotografia muito azul em momentos de maiores depressão, isso é visto quando Donnie Smith é demitido, nos bastidores do programa (fica nítido que os participantes nem o apresentador estão felizes ali) e em outros momentos e se considerarmos que blue em inglês quer dizer azul e também pode significar deprimido, a escolha parece bem acertada.

E quanto ao acontecimento do filme que muitos não entenderam, tem explicações na Bíblia no êxodo 8:2 recomendo essa crítica que trás boas explicações.
http://www.cinemaemcena.com.br/Ficha_filme.aspx?id_critica=6099&id_filme=514&aba=critica.

Denso e longo, mas jamais cansativo, Magnólia é um grande filme que só peca pela excessiva trilha sonora. Se por um lado é bom pra mostrar que há sempre algo sério acontecendo, por outro lado o filme não precisava de todo esse excesso. A história, os atores e a direção já davam conta.
Nota 9,5

terça-feira, 21 de junho de 2011

Meia-noite em París

Mostrar apenas as belezas de uma cidade sem se preocupar com uma boa história, pode render um bom cartão postal, mas possivelmente não renderá um bom filme. Preocupação que não houve em “Rio”, a animação de Carlos Saldanha.

Felizmente Woody Allen tem mais interesse em usar as belezas das Cidades para ilustrar seus filmes e não para protagonizá-los. Assim, filmes como Manhattan, Vick Cristina Barcelona e esse Meia Noite em París, vão muito além de um cartão postal, embora mostre pontos belíssimos das cidades.
Gil é um roteirista de filmes americanos, mas que está cansado disso, e sonha escrever um livro em París. Certa noite, andando pelas ruas, a meia noite, consegue de forma inesperada voltar no tempo e assim sendo acaba conhecendo muitos de seus ídolos e outras personalidades importantes. Algo que, claro, sua noiva Inez não acredita e seus sogros começam a desconfiar que ele está tendo um caso.

No “mundo real” Gil está infeliz e sua mimada noiva anda impressionada com um arrogante amigo. No mundo que ele visita, ele é feliz com seus ídolos e alí percebe que talvez sua noiva não seja a pessoa ideal pra ele. Uma forma que Woody Allen pode ter usado pra apresentar isso, foi logo no início do filme quando aparece o nome do elenco, pois já há diálogo na tela, e não mostra os personagens; algo incomum nos filmes do dele. Acho que ele pode ter mostrado o fato de que ela não estava nem ligando para o que ele dizia e para a vontade dele de morar na França.

Se apenas o conceito fantástico de encontrar ídolos de geração passada já seria o bastante interessante (quem não gostaria disso?) o filme vai além, ao brincar com a personalidade e excentricidade de cada um deles e se isso já é engraçado pra quem não sabe nada sobre essas pessoas, para quem sabe algo torna-se um prazer incrível e não consigo pensar em palavra pra descrever o que deve ser pra alguém que também os tenham como ídolos. A cena de Gil conversando com os surrealistas é muito engraçada e quanto mais se conhecer sobre os três, melhor ela deve ficar.

E no elenco Owen Wilson está impecável adotando o alter ego do diretor, que por mais repetitivo que possa ser, sempre diverte. Rachel McAdams também ótima como a linda e mimada noiva e sua forma física ainda ajuda muito nisso. E Michael Sheen também diverte como o arrogante amigo de Inez. E no elenco do passado destaque para Marion Cotilard, mas só por ter o papel maior, já que todos os outros estão hilários como celebridades.

O filme é engraçado, romântico, inteligente e principalmente uma declaração de amor..a París, ao cinema e a diversas outras formas de arte.e claro, a vida, não só a do passado como também a do presente.

A França ama Woody Allen e nada mais justo que um grande filme do diretor se passasse lá..e na minha opinião foi justamente o melhor dos 40 filmes dele.

Nota-10

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Se beber não case 2

Muitas pessoas já beberam, fizeram besteira e no dia seguinte não lembraram de nada:
É desse conceito que a série ” Se beber não case” parte, só que elevando o fazer besteiras a níveis inacreditáveis.

A sinopse quase igual a do primeiro filme trás o grupo de amigos (ou bando de lobos) que passa a noite na praia bebendo e no dia seguinte, eles acordam num quarto sujo e um dos amigos  desapareceu. Isso na véspera do casamento de um deles.

A narrativa dessa forma funciona muito bem no filme, já que deixa o público sem saber o que aconteceu, assim como os personagens, e sendo assim dificilmente perdemos o interesse em saber como eles chegaram até aquela situação e como vão resolver os problemas que ela causou. Além disso o carismático grupo conta com a nossa simpatia, o que facilita bastante a torcida por eles: A exceção fica por conta do sem graça Alan, vivido pelo também sem graça Zach Galifianakis). O mimado personagem parece querer se meter em confusão sem se preocupar com as consequências do que seus atos podem trazer (e torcer para alguém escapar de um problema que  a própria pessoa procurou é mais difícil; Além disso,  o roteiro ainda aposta nele como o mais engraçado e ainda acha que apenas por ele fazer piadas sobre sexo vai fazer todo mundo rir. Assim depois da pavorosa cena dele simulando uma masturbação em um bebê no primeiro filme, aqui temos ele colocando uma garrafa por dentro da roupa de um chinês para dizer que o chinês teve uma ereção. Mas o diretor Todd Phillips também deve morrer de rir disso até porque em seu filme anterior “ Um parto de viagem” tem uma cena de um cachorro se masturbando. Mas quem acha graça no ator e nesse tipo de cena, vai se esbaldar, logo esse problema do filme é mais uma opinião pessoal minha.

Sem muita criatividade na premissa, mas como boa imaginação pra criar embaraços, no geral o filme funciona e o maior mérito é fazer o público gostar dos já citados personagens carismáticos(exceto Alan), apresentando-os como possíveis heróis (a cena deles andando no aeroporto faz lembrar um exército indo pra batalha) e depois os colocando em enrascada, e nos fazendo sentir pena deles, mesmo em situações que não são graves (o noivo Stu sendo comparado à água de arroz pelo seu sogro é um exemplo), e a trama se passar em outro país(Tailândia) acaba sendo uma vantagem do filme já que a situação dos amigos se torna mais complicada por estarem em um lugar totalmente desconhecido, até porque eles passam a maior parte do filme no lado feio e perigoso do país. Porém o filme também apresenta um belo lado da Tailândia que é onde está marcado o casamento.

Mesmo sendo inferior ao primeiro o resultado é Engraçadinho em alguns momentos e considerando que paguei 2 reais em um dia de promoção a ida ao cinema valeu a pena
Nota -7