Adaptar uma obra tão conhecida, normalmente garante um
grande público. Porém os fãs mais radicais, não hesitarão em reclamar se tiver
algo fora do lugar, assim como se estiver tudo certo, eles amarão o filme
incondicionalmente e ainda vão criticar os que não gostaram, muitas vezes
usando o falho argumento de que “não entenderam porque não conhecem a obra
original”, mais o fato é que um filme tem que se sustentar por ele mesmo não
importando o material em que ele se baseou ou foi adaptado.
O que chega a esse “Faroeste Caboclo”, filme inspirado na música
de Renato Russo que apesar de ser quase certo afirmar que a maioria absoluta
que foi/vai assistir conhece a canção original, o longa se sustenta sozinho,
sendo fiel, porém não submisso, agradando aos fãs e aos leigos.
A história de João de Santo Cristo, que vai a Brasília, faz
serviços ilegais, se apaixona por Maria Lúcia e cria uma rivalidade com um
traficante de renome, é bem contada, apoiada por um belo clima de faroeste
criado por seu diretor e equipe e brilhantemente atuada. Isis valverde, Felipe Abib
e Cesar Troncoso fazem um belo trabalho como Maria Lúcia, Jeremias e Pablo. Porém
o grande destaque é mesmo Fabrício Boliveira que com uma atuação impecável,
transforma o protagonista do filme em um personagem que não deve nada a música
e apenas seu olhar já transmite todo o sentimento do personagem.
Outro grande mérito do filme é a sutileza: Ao contrário dos
links infantis e forçados vistos em “Somos Tão Jovens”, “Faroeste”tenta ao máximo
evitar esse recurso e a forma sutil com que mostra que “de todos seus pecados
ele se arrependeu” e que ele “era só ódio por dentro” chega a ser emocionante e
fácil de perceber, até mesmo para os que não conhecem a obra original(mas a
emoção é só pra que conhece).
Além disso, o roteiro é inteligente ao inverter a ordem de
algumas coisas e fazer algumas adaptações para que faça mais sentido dentro do
contexto do filme que é claro, não é 100% igual a música e uma falta de cuidado
aqui, poderia deixar algumas pontas soltas e até mesmo ilógicas.
E suas soluções pessoais para algumas situações também
merecem aplausos.
O que dizer das “bandeirinhas” na hora do duelo?
Absolutamente genial.
Nota 9,5
Um grande filme. Um dos melhores do ano, porque René Sampaio soube direitinho o que fazer com o material original.
ResponderExcluir