“É preciso existir muitos pobres que vivam pouco para que possam existir muitos ricos que vivam muito”.
Esse conceito ganha uma roupagem bem interessante no novo longa de Andrew Niccol, o roteirista de Show de Truman (meu filme preferido) e diretor/roteirista de Gattaca, S1mone e o Senhor das armas: um nome que desperta minha atenção.
Na trama, ninguém morre até os 25 anos e após essa idade ninguém mais envelhece. A questão é que o tempo é a moeda do mundo; As coisas são compradas com ele, e no braço de cada pessoa com 25 anos ou mais, tem um grande relógio que marca quanto tempo cada um tem de vida, o que claro, vai diminuindo cada vez que você compra algo e aumenta cada vez que você recebe tempo de alguém. Sendo assim, há os ricos que tem séculos de vida e os pobres que não conseguem ir muito além dos 25 anos e precisam roubar tempo dos outros, o que dá um gancho para o filme tratar da injusta distribuição de renda, ops, de tempo no mundo.
Infelizmente, de bom, o filme só tem o conceito mesmo e por incrível que pareça o maior dos problemas é o roteiro; É até interessante ver alguém recebendo tempo extra por fazer hora extra no trabalho, assim como pagar 2 meses em um hotel de luxo, dar 2 dias de gorjeta, doar 10 anos a um amigo e pedir empréstimo de tempo em banco. Interessante sim, porém funcionam como exemplos isolados que não acrescentam muito a trama.
Pra começar já é difícil aceitar o fato que o protagonista seja perseguido por um assassinato que ele não cometeu, já que as circunstâncias que o colocam como suspeito, não são suficientes. Depois, a gente tem que entender que o roteiro só consegue criar tensão fazendo com que o casal do filme olhe para o próprio braço e perceba que o tempo está acabando, e assim eles precisam desesperadamente correr atrás de mais tempo. E pra completar a versão de Robin Hood que o casal assume ao longo da trama, jamais soa convincente. Além disso é difícil acreditar que o casal consiga fugir tanto já que estão sendo dados como procurados e oferecem 10 anos de recompensa para quem os entregar. E ainda tem o fato de a mocinha ser filha de um matusalém (leia-se milionário) que tem dinheiro (no caso tempo) pra viver mais do que a Dercy Gonçalves; O que daria ainda mais urgência em encontra-los já que a família dela é rica.
Mas não é só isso: as atuações são bem fracas; Juntin Timberlake surge pouco expressivo o que torna uma decepção depois das ótimas atuações em a Rede Social e Amizade Colorida. Amanda Seyfried que apesar de ser boa atriz continua escolhendo mal seus trabalhos, aqui tem atuação que faz jus ao filme. E Cillian Murphy continua a manter a cara de mal de todos os filmes dele que eu e lembro de ter visto.
E não sei porque o diretor Andrew Niccol coloca o casal no centro do quadro várias vezes e os isola de todos, causando a sensação que não há ninguém perto de ambos, e sendo assim passa a impressão de que nunca vão pega-los, o que impede de criar alguma tensão.
Resultado final: ideia interessante, boas sacadas, mas no geral, muito mal executado.
Tempo é dinheiro e tenho a sensação de que perdi ambos
Nota -4
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