A Ninfomaníaca-parte 1
Lars Von Trier é um diretor acostumado a fazer filmes polêmicos
e se recusa a dar muitas explicações sobre suas obras. Nada demais nisso se o
filme tem algo interessante a dizer, o que pra mim não teve em Melancolia.
Mas ao contrário do que muitos estão dizendo, nesse A
Ninfomaníaca eu já acho que ele tem algo interessante a dizer.
Uma mulher é achada machucada na rua e o senhor que a achou
a leva pra casa pra cuidar dela, e ela começa a contar sua história que como diz
o título, envolve muito sexo.
Corajoso ao mostrar uma criança sentindo desejos sem saber
bem o que é, o filme logo salta para sua adolescência, na qual ela perde a
virgindade e começa a fazer sexo com diversos homens diferentes, não por prazer
sexual e sim porque ela se sente forte com isso.
O filme nesse ponto lembra o ótimo Shame em que o
protagonista era viciado em sexo e não fazia por prazer e sim por vício. Nesse
a Ninfomaníaca é interessante ver tudo isso sendo feito por uma mulher já que,
sim, a mulher pode se sentir poderosa ao transar com vários homens, mas o mundo
machista a vê como “vadia” ao passo que o homem seria visto como “herói”.
Porém é fato que a protagonista aqui não é alguém agradável
e não por ela fazer sexo com vários homens, e sim por ela usa-los, manipula-los
e não ter nenhum arrependimento.
E o filme tem pelo menos uma sequencia antológica que é a
participação relativamente curta de Uma Thurman em uma cena incrível e um tanto
surreal.
E já quase no fim, o diretor deixa claro que está
manipulando o público(tirando onda com a nossa cara na verdade) e ao mesmo
tempo que dá vontade de xinga-lo, também percebemos a esperteza de um hábil
manipulador que consegue envolver o público e ainda usa seu artifício como
desculpa caso alguém ache que alguma coisa pode não ser encaixar claramente
no filme.
Nota-8
O Lobo de Wall Street
Scorsese é um dos maiores diretores da história do cinema e
tem pelo menos 3 clássicos no currículo: Taxi Driver, Touro Indomável e Os Bons
Companheiros; Mas por melhor que esses filmes sejam, eu prefiro a sua fase a
partir de 2002 que ele iniciou a parceria com Leonardo Di Caprio Em Gangues de
Nova York, filme que eu adoro diga-se de passagem. Passou pelo Aviador(não
gosto) e chegou ao Infiltrados(pra mim seu melhor filme), até que veio o
excepcional A Ilha do Medo. Depois disso, veio o bonitinho(sim, só isso) A
invenção de Hugo Cabret(sem Di Caprio). Entre esses ele realizou o documentário
Shine a Light que não vi.
Agora sua quinta parceria com o ator conta a história de
Jordan, um ambicioso corretor da bolsa de valores que ganha muito dinheiro e
com isso; Tenta ganhar muito mais dinheiro, sendo isso um vício, como ele mesmo
define. E aí começam atividades ilegais até que o FBI começa a investigar.
Histórias de pessoas que forma do paraíso ao inferno já foram
contadas várias vezes, mas sendo bem contada o filme não deixará de ser
interessante. E interessante aliás é um termo errado pra definir esse filme.
Algo como excepcional seria mais apropriado.
Extremamente divertido, o filme mergulha na vida de um
corretor da bolsa e seus amigos e ao mesmo tempo que diverte muito, faz
refletir no quanto esses profissionais prejudicam seus clientes e o quanto um
vício pode fazer mal, afinal de contas eles já têm dinheiro pra tudo que precisam,
mas sempre estão buscando mais, e pra isso fazem uso de meios ilegais.
Scorsese, como de hábito, dirige com extrema competência
dando ao filme sempre um tom dinâmico e ágil aliado a montagem sempre
eficiente. A direção de arte também reproduz bem a época do filme e é
interessante reparar na diferença entre uma empresa já conceituada nas vendas
de ações e uma iniciante no ramo.
O roteiro do filme além de contar bem a história ainda nos brinda
com diálogos primorosos e divertidos como na cena que some 50000 da casa de
Jordan em uma orgia gay que seu mordomo promove, e um amigo de Jordan diz: -não
tenho nada contra gays, tenho um primo gay, saio com ele e o namorado, gosto de
gays, não gosto é de você, e aí vira pra Jordan e diz: você devia era ter um
mexicano como eu.
Leonardo Di Caprio está impecável no papel, assim como Jonah
Hill que mostra talento cômico que ironicamente não me agradava tanto em
comédias e todos os coadjuvantes estão ótimos.
Divertido, ágil, dinâmico, bem escrito, bem dirigido e
magistralmente atuado, o Lobo de Wall street é um dos melhores filmes do
Scorsese e isso é um elogio e tanto.
Nota 9,5